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Anac desmente prefeito e aeroporto de Dourados segue sem homologação

Ao contrário do que informou o prefeito Alan Guedes, no final de setembro, às vésperas da eleição, o aeroporto de Dourados, fechado desde maio de 2021, segue à espera de autorização para que volte a operar, conforme a Agência Nacional de Avialção Civil (Anac). 

No dia 26 de setembro, o prefeito chegou a publicar em suas redes sociais as imagens de uma aeronave de pequeno porte “reinaugurando” a nova pista e informou que a homologação, que havia sido solicitada ainda em julho, havia finalmente saído. 

“Em menos de 60 dias depois do aeroporto voltar para gestão da prefeitura, passamos para Infraero estivemos na Anac e cumprimos as exigências, a pista está homologada, já realizamos o primeiro pouso, uma conquista muito grande para cidade”, escreveu o prefeito em suas redes sociais naquele dia. 

Porém, como a pista segue fechada para voos comerciais e nenhuma empresa aérea está oferecendo passagens a partir de Dourados, a reportagem do Correio do Estado solicitou informações à Anac se realmente estava tudo homologado.

Em resposta, a assessoria enviou nota informando que “a Anac esclarece que as obras e serviços para ampliação e restauração da pista de pouso e decolagem do Aeródromo de Dourados (MS), iniciadas em 1º de maio de 2021, ainda estão em curso”, deixando claro que os trabalhos não foram concluídos. 

E a nota ainda informa que no mesmo período em que o prefeito anunciava a homolgação, a agência ainda estava à espera de documentação. “A homologação da ampliação em tela ainda depende da documentação solicitada no final de setembro pela Anac à Infraero, operadora do aeródromo”, esclareceu a assessoria da agência. 

Esta papelada foi entregue, mas ainda não existe uma previsão de data para que esta tão esperada homologação ocorra. “Cabe pontuar que, no momento, a Agência analisa documentação apresentada pela Infraero em 16 de outubro de 2024 sobre a homologação dos PAPIs, condicionante às operações de pouso de aeronaves a jato no terminal”, conclui a nota. 

Essa  PAPIs à qual se refere a nota significa Indicador de Trajetória de Aproximação de Precisão (PAPI). Trata-se de em um conjunto de luzes brancas e vermelhas que indicam ao piloto a altura da aeronave em relação à rampa correta de aproximação.

“A pista foi homologada e as empresas comerciais de aviação podem começar a se organizar para iniciarem a venda de passagens aéreas”, informou, no final de setembro, a diretora-presidente da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), Mariana Souza Neto. 

O Correio do Estado também procurou a Infraero em busca de informações sobre uma possível data para a retomada dos voos comerciais. Porém, três dias depois, a estatal não havia dado retorno. 


HISTÓRICO

A Infraero entregou a documentação inicial à Anac em 10 de julho. À época, a Agência informou que faria a análise em, no máximo, cem dias. A entrega desta papelada aconteceu um dia depois de o prefeito de Dourados, Alan Guedes, formalizar acordo para que o aeroporto passe a ser operado pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).  Até então, o local era administrado pela prefeitura. 

A reforma e ampliação da pista de pouso foi feita pelo Exército e a previsão inicial era de que os trabalhos fossem concluídos em setembro de 2022. Dois anos depois, porém, a obra segue inacabada, embora o Exército já tenha se retirado do local. 

Além do atraso nos trabalhos, no começo do ano passado percebeu-se que havia ondulações na pista e durante período de fortes chuvas, em fevereiro, parte dela apresentou uma série de infiltrações e alagamentos. 

Por conta disso, boa parte do trabalho teve de ser refeito. Na parte antiga da pista foi colocada uma nova camada de recapeamento e na parte nova, mais dois revestimentos para acabar com as ondulações. 

E, além desse recapeamento, o serviço de drenagem no entorno da pista também teve de ser refeito, já que o aeroporto está localizado em uma planície de difícil escoamento da água. 

Inicialmente orçada em R$ 40 milhões, a obra ficou 150% mais cara e acabou consumindo pouco mais de R$ 100 milhões. A pista foi alargada e ampliada para 1.775 metros de comprimento, tamanho suficiente para receber aeronaves de grande porte. 

TERMINAL DE EMBARQUE

Depois da conclusão desta fase, ainda falta a reforma do terminal de embarque, que receberá investimento da ordem de R$ 40 milhões. O recurso foi anunciado em agosto do ano passado, como integrante do Novo PAC.

Conforme o projeto original, o novo terminal terá 3,3 mil metros quadrados de área construída. O novo receptivo será erguido em outra área, ao lado do prédio ainda existente, que continuará operando normalmente quando a pista for liberada.
Depois de iniciadas, a previsão é de que obra fique pronta em aproximadamente dois anos.

Fonte: CE/ML

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