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Deputado estadual é alvo de operação contra o jogo do bicho

Cerca de 50 dias depois de descobrir 700 máquinas usadas para apostas do jogo do bicho, dezenas de policiais e integrantes do Ministério Público foram às ruas de Campo Grande na manhã desta terça-feira (5) para cumprir dez mandados de prisão e de busca e apreensão. Conforme informações iniciais, um dos alvos foi a residência do deputado estadual Neno Razuk (PL).

Pelo menos quatro pessoas foram presas no começo da manhã e levadas para a sede do Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). A previsão é de que na sequência sejam levadas para prestar depoimento no Ministério Público.  

Equipes policiais e integrantes do Gaeco foram vistas no condomínio Damha 3 e nos bairros Carandá Bosque e Monte Castelo. Quando da apreensão dos equipamentos, em 16 de outubro, um dos flagrados no imóvel onde estavam as maquininhas foi o major PM Gilberto Luiz dos Santos, mais conhecido como G Santos, que é assessor do deputado Neno Razuk.

Como assessor, seu salário é de R$ 1.334,25. Porém, como major aposentado tem remuneração bruta mensal de R$ 27.105,15.  Além dele, nesta casa, no bairro Monte Castelo,  também foi detido o 1º sargento PM Manoel José Ribeiro, o Manelão, que também é da reserva e tem remuneração mensal bruta de R$ 8.623,61, e mais oito pessoas não identificadas.

Todos alegaram que estavam somente jogando baralho no local. Foram ouvidos e depois liberados. Ninguém foi enquadrado em qualquer infração penal. Porém, uma investigação foi instaurada e comandada pelo Dracco.

Depois da detenção do major aposentando, o Correio do Estado procurou o deputado Neno Razuk e o questionou se pretendia exonerar o seu assessor. “Não pretendo exonerar. Eu pretendo aguardar os autos para poder ver o que realmente está acontecendo. Porém, não pretendo exonerar, não”, garantiu o parlamentar.

A reportagem também procurou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Gerson Claro (PP), e perguntou se a decisão de Neno Razuk de não exonerar o comissionado não mancharia a imagem da Casa de Leis perante a opinião pública.
“Essa decisão não tenho conhecimento, portanto, não há o que comentar. Qualquer manifestação desta Casa somente com dados oficiais, não trabalhamos com extraoficial”, afirmou o presidente.

Detidos na operação contra a jogatina foram levados para o Garras – Foto: Marcelo Victor

De acordo com as informações iniciais, foram presos na manhã desta terça-feira quatro homens identificados apenas como Valnir, Matheus, Júlio e Diego. Este último seria assessor do deputado Neno Razuk. A casa do deputado foi alvo de buscas e apreensão de documentos, mas contra ele não foi emitido mandado de prisão. 

Neno Razuk está no segundo mandato de deputado e  é filho da ex-prefeita de Dourados, Délia Razuk. Seu suposto envolvimento no jogo do bicho não é de agora. Em décadas passadas, conforme informações policiais, chegou a dividir com a família Name, de Campo Grande, o controle do jogo do bicho na região sul do Estado. 

Desde a Operação Omertá, que começou em setembro de 2019, que resultou na prisão de Jamil Name e Jamil Name Filho, o jogo do bicho praticamente desapareceu das ruas de Campo Grande. Jamil Name morreu em junho de 2021, no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O filho, Jamilzinho, seque preso no mesmo presídio e já foi condenado a mais de 43 anos por uma série de crimes, inclusive homicídio. 

Agora, com a descoberta das 700 maquinhas, a polícia descobriu que a contravenção estava aos poucos se refazendo e, conforme a suspeita inicial, um grupo de São Paulo estaria tentando se apropriar da jogatina.

Nem a polícia nem o MPE divulgaram informações oficiais sobre a operação iniciada na manhã desta terça-feira. 

Fonte: Correio do Estado

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