Educação financeira é papel da família ou da escola? Veja o que pensa a geração Z
O Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, feito pela Serasa com base nos dados de outubro deste ano, mostrou que cerca de 8,6 milhões de jovens brasileiros estão em situação de inadimplência. O público entre 18 e 25 anos representa a fatia de 11,8% do total de 73,10 milhões de pessoas que estão com nome restrito. Outro levantamento da plataforma, – divulgado em agosto de 2023 – analisou a relação das gerações com as finanças pessoais e revelou que cerca de 60% da geração Z – nascidos no fim da década de 90 – reconhecem a educação financeira como papel tanto da família quanto da escola.
O Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, feito pela Serasa com base nos dados de outubro deste ano, mostrou que cerca de 8,6 milhões de jovens brasileiros estão em situação de inadimplência. O público entre 18 e 25 anos representa a fatia de 11,8% do total de 73,10 milhões de pessoas que estão com nome restrito. Outro levantamento da plataforma, – divulgado em agosto de 2023 – analisou a relação das gerações com as finanças pessoais e revelou que cerca de 60% da geração Z – nascidos no fim da década de 90 – reconhecem a educação financeira como papel tanto da família quanto da escola.
Conforme o estudo da Serasa, que ouviu um total de 4.486 brasileiros, a forma como cada geração se relaciona com o dinheiro varia de acordo com experiências, valores e contexto sociocultural. A Z, por exemplo, vive uma época de consumismo generalizado muito impulsionado pelos avanços tecnológicos. “Ensinar crianças e adolescentes a planejar, economizar e compreender o valor do dinheiro é uma habilidade que pode transformar suas relações com as finanças ao longo da vida. Promover um diálogo aberto e constante sobre o tema ajuda os mais jovens a desenvolver conexões saudáveis e sem tabus, preparando-os para tomar decisões conscientes e responsáveis no futuro,” afirma o coordenador da Serasa Thiago Ramos.
Conforme o porta-voz da plataforma, o ensino sobre educação financeira nas escolas é um fator essencial para conscientizar os alunos sobre a importância de cuidar bem do dinheiro desde cedo. “Quando esses adolescentes aprendem a lidar com conceitos como orçamento, poupança, consumo consciente e planejamento financeiro, eles não apenas desenvolvem habilidades práticas para o futuro, mas também criam uma mentalidade mais responsável em relação ao consumo e à gestão de recursos.”
BNCC
A temática sobre finanças já era ensinada em algumas escolas do país, mas a partir de 2020, passou a ser obrigatória e foi incluída pelo Ministério da Educação (MEC) na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento que prevê o mínimo que deve ser ministrado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio. Desde então, os sistemas de ensino municipais, estaduais e federais são responsáveis por incorporar a proposta nos currículos escolares.
Em Minas Gerais, a educação financeira já estava prevista no Currículo Referência do Estado e era instruída por meio da disciplina de matemática. Mas com a implementação do Novo Ensino Médio, em 2022, as instituições da rede estadual passaram a contar com um um componente curricular específico, incluído no catálogo de matérias eletivas – que permite que os próprios estudantes escolham a temática que desejam aprofundar. Neste ano, conforme a Secretaria de Estado de Educação de Minas (SEE/MG), existem 142.238 alunos do ensino médio matriculados no componente curricular.
Uma dessas estudantes é Anna Beatriz de Souza Santos, 16, que cursa o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual Helena Guerra, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Para ela, estudar sobre finanças a ajudou a entender melhor como lidar com o dinheiro. “Antes, eu gastava sem pensar muito, mas agora tento organizar minha grana de forma mais equilibrada. Guardo uma parte para coisas que quero futuramente e uso o restante com mais consciência. Para mim, o mais difícil é justamente controlar totalmente o impulso de comprar algo que quero muito. Mas depois que comecei a estudar sobre o assunto ficou mais fácil entender que devemos diferenciar necessidade de vontade e aprender a priorizar o que é mais importante,” conta a aluna.
Eliana Demarques é professora da Anna. Em 2016, a educadora iniciou o projeto Educação Financeira na E.E. Helena Guerra com atividades de intervenção pedagógica para os estudantes do 1º Ano do ensino médio. Inicialmente, junto aos alunos, ela criou um supermercado-escola, com embalagens de produtos reciclados para simular a compra e venda com preços diferenciados. “Nos anos seguintes, fomos avançando e aprendendo mais sobre orçamento superavitário, método 50-30-20 – estratégia de organização financeira – e como poupar o dinheiro para futuros investimentos,” realça.
A professora, que também é autora do Biblioteca Interativa da Educação Financeira e Inclusiva (BIEI) – uma premiada plataforma que disponibiliza vários produtos para o ensino nas escolas – evidencia os reflexos do seu trabalho. “As atividades proporcionam uma aprendizagem criativa, significativa e colaborativa, motivando o protagonismo dos estudantes para serem cidadãos mais participativos na sociedade. Acredito que todas as pessoas precisam aprender mais sobre essa temática”, finaliza.
Visão monetária
A subsecretária de Desenvolvimento de Educação Básica da SEE/MG, Kellen Senra, comenta sobre o objetivo do Estado. “É muito importante que o aluno tenha noção que na sociedade em que ele está inserido existe custo em tudo que se consome, que existem impostos obrigatórios e que esses tributos geram benefícios para o seu município e Estado. Por isso, trabalhamos desde os anos iniciais, inserindo conteúdos de visão monetária. No ensino fundamental, lecionamos temáticas sobre dinheiro, a importância da moeda e dos custos. Depois, nos anos finais, vamos aprofundando as questões de consumo, da geração de recursos dentro da cidade que esse estudante mora, dentre outras coisas,”
Segundo a representante do Estado, a partir de 2025, aos estudantes do 3º ano do ensino médio será ministrada a disciplina Finanças, Economia e Trabalho. “Essa proposta abarca toda a construção da eletiva de educação financeira e mergulha no tema monetário com ênfase nesse aluno, que já está se aproximando da vida adulta, do mercado de trabalho e que já possui uma visão sobre sua atuação ativa e produtora na sociedade,” enfatiza Kellen.
Foto: Alex de Jesus/O Tempo
O Tempo