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Ribeirinho, samba-canção e filme biográfico: um papo com Fafá de Belém – @agenciabrasil

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Atores, músicos, cineastas e escritores participavam de rodadas de negócio durante o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, em Belém, no Pará. Era sexta-feira, 10 novembro, e o Centro de Convenções do Hangar, lotado, era um lugar de negociações de compra e venda. De repente, aparece umas das maiores cantoras populares do país: Fafá de Belém.

Fafá estava acompanhando Maíra Carvalho, produtora do projeto de sua cinebiografia, para uma reunião com o grupo Warner Media, um dos maiores do mundo. Na pauta, o projeto de filme que vai contar a história de Fafá, do começo de sua carreira até os discursos das Diretas Já, onde ela foi rosto e voz pela redemocratização do país.

Fafá atraía as atenções por onde passava, com suas famosas risadas e presença marcante. A artista conseguiu um tempo em sua agenda para falar com jornalistas que acompanhavam o evento. Trazemos aqui um resumo do que a cantora de 67 anos pensa sobre a carreira, a Conferência Climática da ONU do ano que vem e a Amazônia.

Fafá deu detalhes do filme que está sendo produzido por Maíra Carvalho.

“Era um documentário, a princípio, e aí virou um filme inspirado na minha história. Ela acha que pode falar com muita gente, do Norte, do Sul. As histórias são as mesmas: a xenofobia, o peso, a medida errada, o assédio, o abuso que você nem percebe. Eu saí daqui eu tinha 18 anos. E tive uma pessoa muito importante na minha vida, que foi o Roberto Santana, que me convenceu a ser cantora. Eu sempre gostei de cantar, mas queria ser psicóloga”.

A cantora se mostrou maravilhada com os olhares do mundo se voltarem para Belém, para a Amazônia, durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), no ano que vem. Mas ressalta que as soluções para os problemas da região devem ser buscadas ouvindo o povo da floresta.

“Há uma expectativa muito grande para, no dia seguinte da COP, todos os nossos problemas estarem resolvidos. Isso não pode acontecer, não vai acontecer. Mas há essa expectativa. Então eu entendo que é fundamental que agora que estão olhando para nós, que se olhem nos nossos olhos. Ninguém tem que ensinar como é que a gente funciona. É preciso que nesse momento se olhe a sério e que se ouça o nosso povo. Ouça o ribeirinho. Ouça o menino da floresta. Ouça, porque eles têm a solução. A solução virá por eles, por essa gente que maneja essa região ancestralmente.”

Fafá de Belém também falou sobre a necessidade de se respeitar as mulheres, de proteger as crianças contra o abuso sexual na Amazônia.

“Nós temos o prazer da água na pele, do sol. Isso não quer dizer que as nossas meninas têm que ser prostituídas e nem estupradas no Marajó. Precisamos cuidar das nossas meninas. Precisamos acabar com esse hábito do balceiro buscar meninas de 9 a 12 anos para fazer favores sexuais. Essa região é a região feminina. Somos as amazonas e somos as icamiabas. Mas foi sendo substituído pelo machismo, e essas mulheres foram se habituando, como se fosse cultura. Não é cultura, é mau hábito. E a gente tem que combater tudo isso.”

A cantora também falou com entusiasmo sobre os novos projetos, como a gravação de um álbum de samba-canção.

“Eu tenho agora um projeto na minha cabeça, que vou fazer, que é um projeto de samba-canção, que eu amo a geração de samba-canção. Já tenho trabalhado muito, mas ainda preciso de patrocínio. Mas vamos fazer. Quero cantar Dolores Duran, Nora Ney, tudo, tudo. Porque eu era criança, cantava aquilo. ‘Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire’ [autoparódia de Antonio Maria para ‘Ninguém me Ama’]”.

Fafá de Belém também se prepara para uma nova turnê. No próximo sábado, 25 de novembro, ela estreia o show “A Filha do Brasil”, em Porto Alegre, cantando grandes sucessos e temas de novelas, que ela contabiliza mais de 60 na carreira. Em dezembro, se apresenta em São Paulo e em fevereiro do ano que vem no Rio de Janeiro. No carnaval, ainda será a homenageada da escola de samba Império da Casa Verde, de São Paulo. A artista também prepara grandes comemorações para os 50 anos de carreira, no ano que vem.

*O repórter viajou ao MICBR a convite do Ministério da Cultura

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