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Fotógrafo registra passagem do ‘Cometa do Século’; fenômeno pode ser visto em todo o Brasil

Desde a metade deste mês de setembro, os entusiastas da astronomia têm a oportunidade de observar um dos mais aguardados cometas do ano: o C/2023 A3 (Tsuchinshan–ATLAS), que está se tornando cada vez mais visível no céu noturno.

Atualmente, o “Cometa do Século”, como vem sendo chamado este corpo celeste, está ficando mais próximo do Sol, o que o torna melhor de ser observado.

Mas com o auxílio de alguns instrumentos e sobre as montanhas de Minas Gerais, o fotógrafo Cristiano Xavier já fez um registro impressionante dessa sua passagem (veja a imagem acima).

Ao g1, Xavier conta que começou a estudar a melhor data para fotografar o C/2023 A3 fazendo testes preliminares alguns dias antes do seu chamado “periélio“, quando o cometa estará com um brilho intenso devido à proximidade com o Sol (nessa próxima sexta, 27).

“Eu acordei às 4 horas da manhã, apontei a câmera onde o GPS indicava e fiquei esperando o cometa aparecer, mas a atmosfera estava muito suja de fumaça e poeira. Quando ele finalmente surgiu, foi uma emoção capturá-lo antes do nascer do sol”, diz.

De acordo com o Observatório Nacional, ainda não é possível, porém, garantir com exatidão que o Tsuchinshan–ATLAS será visível a olho nu, já que o brilho de objetos do tipo é difícil de prever.

Isso acontece porque a luminosidade de cometas é algo que oscila, o que torna possível que ele não seja tão brilhante quanto o esperado. Dessa forma, pode ser preciso utilizar equipamentos como telescópios ou binóculos para observá-lo melhor.

Aliado a isso, há a possibilidade de que o cometa possa se desintegrar nessa passagem muito perto do Sol. Como ele é composto por gelo e rochas, a intensa proximidade ao nosso astro pode causar sua fragmentação.

Alguns astrônomos estão debatendo essa chance, no entanto, essa possibilidade ainda é incerta, e a expectativa é que ele sobreviva a essa passagem e continue visível até outubro.

Dicas de observação do C/2023 A3

Para observar o cometa, é preciso lembrar que as dicas de visualização mudam ao longo dos dias por conta de sua trajetória em relação ao Sol e à Terra, mas ele poderá ser visto em TODO o país (dependendo das condições climáticas, claro).

Essas variações são causadas pelo movimento do cometa em sua órbita, que altera sua posição em relação ao nosso planeta e ao Sol ao longo do tempo.

Por isso, para localizar o C/2023 A3 no céu, aplicativos de observação de estrelas para celular como o Star Walk 2 ou o Sky Tonight podem ser bastante úteis, já que permitem a identificação de diversos objetos astronômicos, além de cometas.

Basta procurar pelo C/2023 A3 na ferramenta de busca desses apps e apontar o celular para o céu perto do melhor horário de observação (que vai variar ao longo dos próximos dias).

Tendo isso em vista, siga as DICAS ESSENCIAIS separadas pelo g1:

  • Até 7 de outubro, o cometa está se aproximando do Sol e da Terra, o que faz com que ele apareça nas primeiras horas da manhã, no leste, pouco antes do nascer do sol.
  • Entre 7 e 11 de outubro, o cometa vai ficar muito perto do Sol no céu (na visão relativa daqui do nosso planeta), o que dificulta sua visualização, já que o brilho solar ofusca sua imagem.
  • Após 12 de outubro, o cometa começa a se afastar novamente, e a posição no céu muda. Ele se torna visível logo após o pôr do sol, no oeste, perto do horizonte, exigindo novos horários e direções de observação.

Além disso, por conta na sua maior aproximação à Terra, perto do dia 13 de outubro o cometa alcançará seu brilho máximo, potencialmente chegando a uma magnitude de 3,0 ou 2,0 (quanto menor esse número, mais brilhante é o objeto), de acordo com plataformas especializadas de medição.

O C/2023 A3, também conhecido como Tsuchinshan-ATLAS, em imagem feita em 10 de junho de 2024. — Foto: Wikimedia

O C/2023 A3, também conhecido como Tsuchinshan-ATLAS, em imagem feita em 10 de junho de 2024. — Foto: Wikimedia

A expectativa é que em torno dessa data seu aparecimento traga um brilho tão intenso como o do cometa Hale-Bopp (a magnitude do Hale-Bopp também foi perto de 3), que passou pela Terra em 1997 e foi um dos mais brilhantes da segunda metade do século XX. Por isso, o apelido de “Cometa do Século”

“[Sua passagem] vai ser bem brilhante devido à combinação da proximidade da Terra e do Sol, além de efeitos relacionados à geometria da órbita desse cometa, que criarão condições óticas ideais para intensificar seu brilho”, explica ao g1 o astrônomo brasileiro Pedro Bernardinelli, um dos responsáveis por descobrir o maior cometa já registrado na história da astronomia.

“O Hale-Bopp também contou com uma série de condições ideais para aumentar sua visibilidade. Ao que tudo indica, vamos ter sorte novamente”, diz Bernardinelli.

O C/2023 A3 foi descoberto em janeiro de 2023 de forma independente, por dois observatórios, o Observatório de Tsuchinshan (ou Purple Mountain) na China e o projeto ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) no Havaí.

Cometas mais brilhantes do ano ☄️

Os cometas são grandes objetos feitos de poeira e gelo que orbitam o Sol. Neste ano, os destaques de observação ficaram com os seguintes astros:

  • C/2021 S3 (PANSTARRS). Período de visibilidade: de janeiro a junho. Brilho Máximo: março. Visibilidade: por meio de binóculos, em céus escuros, durante a madrugada.
  • C/2023 A3 (Tsuchinschan-ATLAS). Período de visibilidade: de setembro a novembro. Brilho Máximo: outubro. Visibilidade: final da madrugada (começo de outubro) e começo da noite (final de outubro), por meio de binóculos.
  • 12P/Pons-Brooks (ou Cometa do Diabo). Período de visibilidade: de fevereiro a junho. Brilho Máximo: abril. Visibilidade: por meio de binóculos, no começo da noite.
  • 13P/Olbers. Período de visibilidade: de junho a agosto. Brilho Máximo: julho. Visibilidade: por meio de binóculos, no começo da noite.
  • 62P/ Tsuchinschan 1. Período de visibilidade: de janeiro a março. Brilho Máximo: janeiro. Visibilidade: por meio de binóculos, durante a madrugada.
  • 144P/Kushida. Período de visibilidade: de janeiro a fevereiro. Brilho Máximo: janeiro. Visibilidade: por meio de pequenos telescópios, em céus escuros, durante o começo da noite.

Fonte: g1

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